segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


'ás vezes me reconheço nos demais.Me reconheço nos que ficarão,nos amigos abrigos,loucos lindos de justiça e bichos voadores da beleza e demais vadios e mal cuidados que andam por aí e que por aí continuarão,como continuarão as estrelas da noite e as ondas do mar.Então quando me reconheço neles,eu sou o ar aprendendo a saber-me continuado no vento.AS VEZES O VENTO MUDAR O AR.quando eu já não estiver,o vento estará,continuará estando.
Assovia o vento dentro de mim.estou despido.Dono de nada,dono de ninguém,nem mesmo dono de minhas certezas,sou minha cara contra o vento,e sou o vento que bate em minha cara."
Eduardo Galeano


Alice observava tudo,cada pessoa que passava por ela,é como se pudesse ver excentricidade em tudo.Numa senhora simples,existia mistério,num garoto serelepe existia determinação,numa mulher sexy existia medo,num homem bem apessoado existia prisão,no cachorro mal lavado existia liberdade,nas igrejas antigas existia uma grande saudade,Alice adorava caminhar e perceber uma a uma todas essas diferenças,era como se buscasse nos outros,como se todo o resto pudesse mesmo ser parte integrante de seus passos,e determinassem suas escolhas.
Reconhecia-se em cada face,cada expressão mal talhada,as avenidas de cada rosto sofrido,cada rosto escancarado.Alice sabia bem mergulhar nas marcas do tempo.Ela vasculhava cada ruga como se fosse um bosque claro.Cada saída de casa era uma longa viagem,ela as vezes se assutava com o tamanho da sua percepção,enxergava tantas coisas ao mesmo tempo que algumas fingia não ver,mais cômodo.Mas outras eram tão gigantes que impossível não reparar.Seus olhos máquina fotográfica ambulante,seus pés lápis com cadernetas no chão,ela saía,desenhando suas letras nas ruas e clicando suas lentes nas pessoas.Alice ama as pessoas.Alice ama olhar para as pessoas.E ela olha lá fundo nos olhos.E muita gente ri,muita gente foge,pouca gente enfrenta.Poucos foram os olhos que fixaram nos de Alice,poucos foram os que a enxergaram.
Sempre com o vento elo ia,sua relação com o vento era de irmandade,sua relação com o tempo era de respeito.Ela ia mundo afora mesmo só dentro,vasculhando o que cada mundo de tem de mais fantasioso e real.O que o real tem de mais fantasmagórico.e o que a fantasia nos ensina sobre o que possivelmente pode ser real.


Flô

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