quinta-feira, 9 de junho de 2011


Alice contava tudo nos dedos,e lambia os dedos onde quer que fosse,mania feia que tinha aderido na infância e seu complexo de meninice não a deixava largar.Contava os dias as horas os meses que esperava algo ou alguém,ela sempre esperou muito,e infelizmente nçao se deu conta que também esperavam por ela e de tanto olhar só para seus próprios dedos,acabou se atrasando.quase sempre chegando depois do marcado,o que seria uma lástima,visto que Alice era impulsiva ao extremo e não admitia nunca as suas falhas...
explodia no tempo,intempestiva,tempestade personificada,Alice agora gestuava forte com as mãos explicando seus contra tempos,ser contra o tempo,coitada de Alice,era menina mimada,todos sempre diziam,é culpa da educação,culpa dos ventos de agosto,culpa da alergia congênita,culpa da ausência do pai.ops-o que uma pessoa que simplesmente não fez pode ter feito?os juízes dessa vida de cá arrumam muitas justificativas e muitos culpados,e esta moça só estava querendo chupar seus dedos melados do mel de um tempo finito.Ela contando e chupando os dedos,seguia,esperando que o tempo pudesse oferecê-la um encontro furtivo,numa esquina romântica,a luz da lua,ao som do vento,queria poder acariciar o tempo perdido,as falhas não admitidas,a covardia atrevida dos versos que morreram sem ser.
Alice queria massagear seu ego com outros dedos,sentir as mãos do mar sugando seus seios,possuir areias intransponíveis..Alice ainda era a menina do sonho,que chupava as mãos meladas de doce,segurava balões murchos,alçava sonhos longinquos...
Alice era ligeira em suas concepções,eram as melhores precipitações,ela era craque em mudar de assunto numa mesma frase,ela era craque em não saber usar vírgulas,nem ponto vírgulo,ponto final então,era seu maior problema...se perguntava todos os dias
como colocar o ponto final,como saber se chegou no fim,se acabou o que queria dizer,ou viver,ou saber...Alice ia..inventando novos sabores em cada dedo,oferecendo suas invecionices insanas para quem lhe apetecesse,Alice era uma moleca esperta,sabia que mais cedo ou mais tarde,contar os dedos seria uma questão de tempo.
um tempo mais feliz que estava por vir.Enfim.


Flô